Nós

 Seus olhos são castanho escuros, quase pretos. Eles brilham na noite, são grandes como olhos de coruja e eu olho pra ele e lembro de chocolate. Suas bochechas são redondinhas onde cabe certinho uma mordida, duas mordidas. São as bochechas mais gostosas de beijar que há. Tem olheiras profundas, que estão ali desde que você nasceu e que a cada sorriso que você me dá se encolhem no canto dos seus olhos de jabuticaba me parece que elas registram todas as risadas que você em tão pouco tempo de vida já deu. Sua sobrancelhas são arqueadas para baixo, representando que além de ser muito feliz és também muito sábio. Você tem ossos grandes que dão a sensação que você é um bebê enorme, com uma força que é só sua e que você irá crescer até atingir as nuvens. Suas pernocas são duas baguetes e você não tem joelho, é só coxa. Tem cabeça grande e parece um anime quando corre. Seu cabelo é grosso e tem vida própria, não importa a tonelada de gel que passem nele, seus fios sempre serão o maior registro de todas as suas aventuras.
  Eu tenho olhos escuros, que as vezes ficam preto, são aterrorizantes á noite pois brilham até no escuro, têm cor de cocô. Minhas bochechas são enormes, deixam meu rosto mais redondo e se eu emagreço um tanto pareço personagem aterrorizante de programa infantil dos anos 80. Minhas olheiras me marcam tanto que nem o mais exagerado efeito do photoshop consegue escondê-las e pra ajudar minhas sobrancelhas são arqueadas no seu desenho natural e mesmo quando eu despejava o mais honesto sorriso o mesmo parecia esconder uma dor profunda. Tenho ossos largos e se emagreço parece que não como há dias e não há roupa que fique bem em mim pois eles marcam muito fácil. As pernas são grossas rasgam todas as meias calças, sem contar as canelas tortas que desde pequena eu pensava se havia um jeito de arrumar. Meus cabelos são sem graça, são de uma falta de vida que só. Dificilmente param preso, e quando prendo sou impossibilitada de soltá-los pois o elástico vai marcar todo até a próxima lavagem.
   Nunca havia visto algo tão maravilhoso quanto você e até recuso o titulo de mãe coruja pois sei que você é o mais lindo do mundo e não apenas um delírio materno. Eu fico bonita dependendo do ângulo, da luz, da maquiagem, da minha felicidade e do quanto a pessoa que está me olhando me ama.
   Você se parece muito comigo. Eu me vejo em cada pedacinho seu.
   Você é tão bonito em cada detalhe. Eu sou o que sou por cada detalhe que eu não gostava em mim.
   Você é cada detalhe que eu agora gosto muito em mim.

 esse post surgiu depois que pus essa foto no perfil do Facebook e morri com os olhinhos dele e dei um grito de horror ao perceber as minhas olheiras. Foi um dia cansativo mas eu precisei vir escrever no momento que tive o insight senão eu ficaria mais um mês sem postar por conta da inspiração que eu perdi, mesmo que ter posto tudo em palavras escritas tenha me feito chorar e aumentar ainda mais minhas olheiras.

Relembrando

 Querido neném,
 Quando você era um RN eu costumava dizer que te dava colo sempre porque depois que a gente cresce a vida fica muito difícil  e que naquele momento eu queria que você aproveitasse todo o amor que eu tinha jorrando do meu peito.
  Nas últimas semanas você tem exigido muito de mim, principalmente durante a noite. Nos acostumamos a você mamando deitado no colo até pegar no sono e quando eu tento colocar você ma cama você chora com mágoa, desesperado. E algumas vezes eu me vi pensando em deixar você chorar até cansar.
  Então eu lembrei de quando eu era pequena e berrava até meus pulmões estourarem e as pessoas ao meu redor não demonstravam pena diante das minhas lágrimas e isso fazia só com que o meu desespero aumentasse. E ainda agora, crescida, sou de choro fácil mas não sei lidar com meus sentimentos. Me acostumei a chorar escondido e quando não consigo segurar gasto tempo tentando convencer que não há motivo pra se preocupar comigo. E isso é duro, é cruel, e eu não quero pra você.
  Faz pouco tempo que você chegou ao mundo e ás vezes eu esqueço que você não chorar porque quer colo, você chora porque você PRECISA do meu colo. E eu peço desculpas se eu esqueci disso nos últimos dias. É que você está tão grande que ás vezes eu acho que você tem uma maturidade que ainda não é sua.
  Não quero mais que quando você chore de desespero eu aumente o seu mal estar com palavras duras e atitudes falhas. Prometo me esforçar mais pra que possamos manter o meu colo como o seu lugar de carinho e conforto.


  Mais uma vez, peço desculpas
  Com tanto amor que nem cabe em mim,
  C. 

Sobre nossas manhãs

  Meu bebê meu amor, você está muito doentinho.
  Meu coração se parte toda vez que eu acordo de madrugada com você chorando porque não consegue respirar por causa do nariz carregado. Não lembro de ter te visto assim antes e tenho "dormido" sentada porque o único lugar que te acalma é o meu colo.
  Tem feitos dias feios também. Dias frios, gelados e molhados. Dias de céu cinza e janelas fechadas.
  Você está doente e o dia está cinza mas sabe qual é a minha parte favorita do dia? Quando amanhece e você já acordou e vamos até o quarto pra abrir a cortina. Abrir o black-out que salva as manhãs de sono dos dias em que você não percebe que já amanheceu.
  Você fica parado olhando pra cortina com um sorriso de quem sabe que o que tá por vir é muito bom e quando eu finalmente abro e você pode ver o dia você bate palmas, aplaudindo a mágica da natureza, o mais singelo sinal de esperança.
 Porque você já sabe que não importa o tamanho da escuridão, o sol sempre volta. E não importa se o sol volta brilhando sozinho ou acompanhado de nuvens, você já aprendeu que todo sinal de luz trás boas coisas.
 Você aplaude o dia que se inicia e eu aplaudo você.


  Com amor, da sua eterna aprendiz,
  C.

Nosso segundo dia das mães

   Querido Erick,
   Hoje seu pai nos levou para refazermos um passeio que fizemos quando eu estava grávida de sete meses.
   E foi mais lindo ainda agora que você está andando falando e comendo.
   Eu tenho mini-ataques de coração todas as vezes em que você faz alguma coisa, seja algo novo ou algo que você já fez zilhões de vezes e no dia de hoje essas pequenas paradas cardíacas foram ainda mais agradáveis do que sempre são.      
   Eu já disse no ano passado, que eu nunca fui de comemorar datas assim, mas desde que você nasceu eu não posso pensar em não celebrar o maior acontecimento da minha vida: você. E este ano é ainda mais especial porque você tem me dado uma baita canseira.
   Acordo três vezes por noite, e troco fralda suja, e tenho que guardar de volta todas as panelas, e tenho que correr quando você entra no banheiro porque você ultimamente tem se encantado com o vaso, vejo você puxar o rabo do gato e tenho tido muito trabalho pra te explicar que não importa o que as pessoas tenham feito pra você ou como você esteja se sentindo  você jamais deve bater nelas. Eu finalmente entendo porque as mães reclamam tanto e sei que tá só começando mas se eu olho pra trás e penso em você eu só consigo ver que cada um desses pequenos delitos seus fazem parte da minha escalada para ser a "Carol melhor". E eu sei que se você tiver comigo eu vou querer ser pra sempre a sua pessoa favorita no mundo.
   

   Obrigada, e se eu sou feliz nesse dia das mães é por sua culpa.
   Com muito, muito, muito amor, 
   C.

Querido Erick,

       Hoje faz um ano, três meses e um dia que você nasceu.

       E eu sou uma mamãe muito coruja. Eu não sei falar de outra coisa que não seja você e não há nada nesse mundo que não me faça lembrar você.

       Além desse blog, eu tenho um tumblr para as suas fotos e inúmeras postagens no meu facebook sobre você. Quando você completou um ano eu quis montar um foto álbum com as fotos do "dia 5" e comentários sobre aquela fase e quando eu fui atrás das coisas no fb eu vi que boa parte das fotos e comentários sobre você haviam se perdido e eu decidi  então criar esse blog pra você.

       Você está cada dia mais tagarela, cada dia mais esperto e eu quero me lembrar de cada uma dessas suas novas descobertas e será através desse blog que eu o farei.

      Hoje é o começo das suas cartas, meu neném.

      Com muito amor,

            C.